quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fazer a vontade

Fazer a vontade...

Muitas vezes expressamos frases e palavras que se perdem em meio a um mundo de significados. E na maior parte do tempo, não queremos o verdadeiro significado pelo incômodo que proporciona. Nos tira do anestésico lugar que ocupamos, da poltrona aconchegante que não permite nem se quer levantar da frente da televisão ou do computador para cumprimentar um amigo ou parente que chegou de uma longa viajem e que há tempos não se viam.
E uma frase que irrompe tal momento que passamos na atualidade e que nos tira detrás da cortina da existência, nada mais é do que fazer a vontade... frase complicada, que trás uma série de qualidades-afazeres, pode-se assim dizer, repleta de desilusões e apetreches de aparentes atitudes do ser humano, mas o que vem ser isso?
Fazer a vontade... fazer, implica prontidão, está de pé, postura de acolhida, disponibilidade, serviço, símbolo de vitalidade. Vontade, gostos, carência, atino que expressa o interior do ser humano, mas nem sempre está associada a um único individuo por si só. Vontade é trazida sempre de um indivíduo para outro, uma busca de completude do ser, relação que se dá em sentido de conflito, aonde gostos e idéias estão em vogo, porém voltado para o crescimento de ambos.
No mundo religioso, se diz: “fazer a vontade de Deus...” do trabalho: “fazer a vontade do patrão...” tendo sempre em tênue a confiança. Fazer a vontade sempre implica confiança de ambos os lados, seja de quem emprega e quem é empregado. É confiar mesmo quando não há motivos para se confiar. Certo escritor disse que, não se pode produzir confiança, assim como não se pode fazer humildade. Ela existe ou não. A confiança é fruto de um relacionamento em que você sabe que é amado. Como não sabe que eu o amo, não pode confiar em mim.
A vida de um homem e uma mulher que vivem juntos passa por este lagar, em que as vontades de um nem sempre é a vontade do outro, o que implica que as vontades de um deveram ser “esmagadas” pela aceitação das vontades do outro. Os nossos sentimentos são assim, são contrários que se misturam. Porém, é possível que o suco das vontades que não foram aceitas, sejam lembradas e até necessárias em outros momentos no futuro.
Quando tiramos do baú do nosso ser o que temos de precioso, são as nossas vontades que apresentamos, é nossos desejos e sonhos que permitimos transparecerem. É essa experiência que infunde no âmago do Ser, a busca de ser para si com o outro, é uma aventura que nos dá trabalho, é atordoante, mas que os frutos serão de gratuidade e de pessoas mais responsáveis consigo e com os outros. Não existe pessoas que fazem somente a vontade dos outros, isto é alienante. Antes tem de haver os nossos próprios desejos, se não que vontade terei para levantar e ajudar o outro nas suas vontades.
De tudo de bom que fazemos para ajudar os outros, se não fica em nós uma parte boa, de que valerá o nosso esforço? Fazer a vontade é mais do que entrar em zona de guerra e derramar sangue, mas é estar com, ouvir com, é tirar os cadeados que insistem em nos aprisionar no orgulho abominante que está em nós. Impedindo o acesso de quem talvez poderia nos ajudar. É jogar fora o veneno da hipocrisia e da inveja, permitindo que a minha ação seja condizente com o que eu anuncio, e assim, abrir as portas do nosso Ser às contrárias vontades que estão em nós. Nada do que eu faço é somente meu.

Adeilson Silva,
06/10/2010

sábado, 25 de setembro de 2010

Grande Retiro, 30 dias

Grande Retiro, 30 dias ...

30 dias...
Em que Deus pediu licença para armar a tenda no meio de nós, se acampou em nossos corações e nos ofereceu o que Ele tem de mais precioso, o seu amor e a sua graça.
30 dias...
Em que Deus não se poupou em segurar as suas lágrimas e de se emocionar ante as histórias sofridas de dores e feridas que o tempo cravou em nós, mas pelo contrário, se apaixonou ainda mais por cada de nós. Um Deus que encheu os nossos olhos de alegria, colocando neles o brilho da esperança que por vezes tínhamos perdido.
30 dias de silêncio, de escuta atenta aos ruídos que insistem em nos tirar da rota que é Deus. Silêncio que nos enobrece com os sinais que a todo o momento brinda no encontro de nossos corações feridos, através de fatos simples revelados pela própria natureza.
30 dias...
Em que não foi preciso nenhuma verdade teológica mirabolante para nos fazer acreditar que Deus existe e que nos ama com amor sem igual.
Não sei por que esconderam a tanto tempo que Deus prefere os piores. Fico pensando se há honestidade nisso. Mas não quero pensar, quero viver esse sentimento, sem medo de ser fraco. Se Deus pôde experimentar a fraqueza, porque não aceitar a vida, com todos os seus dizeres e não dizeres. Com todas as suas alegrias e com suas dores.
30 dias...
Em que Deus, usou de cenas inusitadas para abrir os nossos olhos. Lembrando o pedido do cego: “Senhor, que eu veja!” (Mc 10,51). Que eu veja os teus sinais, que não os deixe passar despercebido. Deus acendeu as luzes dos nossos olhos. O brilho que necessitávamos para acreditar na beleza de um Deus que se optou em assemelhar a nós, se fez um de nós, assumiu a nossa condição humana, se fez indigente, maltrapilho, nascendo em um estábulo, longe dos berços com colchões sofisticados do nosso tempo, mas que se fez repousar em palhas.
Veio até nós em detalhes simples, que são obras suas: a natureza,os pássaros,as matas, os animais, as flores, os rios.
30 dias...
Que Deus envolveu a nós... Cinco jovens, Marcelo Grhos, Marcelo Patrício, Tomaz Martins – da Província de São Paulo; Luiz Deivys, Adeilson Silva da - Pró-província do Rio de Janeiro. ...nos envolveu com o seu jeito de ser simples.
E que colocou um desejo apenas em nossos corações, o de estar atentos às coisas do alto. É a arte de Deus no encanto da vida.
Um Deus que se torna sensível às nossas dores, que se transfigura em nossas partilhas de vida, que se faz irmão nos momentos de convivência. Deus que irrompe o assombro da noite de cruzes da paixão, e inaugura uma vida nova, no encanto das três cores do ypê na manhã da ressurreição. Só esse dia me fez perceber a sutileza contida em uma flor tão simples, mas de beleza formidável. Flores maravilhosas em galhos secos. Uma frase que traduz, vem da boca do Maristelo: “O ressuscitado carrega as marcas da paixão.”
30 dias...
Que durarão para a vida inteira...



Adeilson Silva,
Noviço msc – pró-província Rio de Janeiro.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Lindo Sol

Lindo Sol

Hoje o dia amanheceu assim
Assim o dia amanheceu
Parecia que as nuvens tapavam o seu calor
Chovia muito, mas ao mesmo tempo
Sabia que sinais de luz se escondia por detrás da escuridão.
Algo de novo começara a brotar
Acreditar na certeza da luz
Seria muito mais do que acreditar na ingratidão e tristeza que nos traz as trevas
Nada mais equivocado, do que ver o novo dia renascer
Agora surge o sol,
Acanhado, tímido, mas sorridente...
É a natureza, onde vemos esconder as suas belezas
Aqui, me vejo acreditar mais ainda de que os opostos se atraem.
Sol e chuva fazem deslumbrar a alegria do arco-íris
Show de luz e cores
Um espetáculo irradiado de graça a todo o ser humano
A manhã que não deu certo começa a se alegrar
A dar sentido de ressurreição, de vida.
É o encanto que invade nossas inexperientes certezas,
A insensatez de nossa incredulidade,
Os riscos de nossos olhares que acusam
A destreza dos limites que nos oprimem
A manhã que não deu certo,
A dor sem sofrimento,
Se suaviza na vida,
Na luz que aquece e irradia milagres de quem se esmerou a própria vida
Como testemunho para os demais.
São setas que nos orientam aonde seguir
“A vida para ser bem vivida, precisa ser bem examinada”¹
É o sol que nos ensina a examinar as escuridões que nos predomina
Que dá sentido e nos possibilita a acreditar que:
A arte de viver consiste na arte de amar!

¬¬¬___________
¹ Pensamento de Sócrates, o filósofo, viveu na Grécia antiga (469 - 399 BC)

Adeilson Silva.
É estudante do 3º ano de Filosofia
E evangeliza na Congregação dos mSC.
20/02/2009 – 10:15